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FUTSAL NEWS: Jorge Braz “Temos de estar sempre nas grandes provas”



Entrevista ao Seleccionador Nacional

Assumiu o cargo de seleccionador nacional há pouco mais de um ano e tem revelado o porquê de ter sido o escolhido para suceder a Orlando Duarte no comando da equipa das quinas. A efectuar um excelente trabalho na selecção portuguesa, Jorge Braz acredita que Portugal poderá, em breve, conquistar, pela primeira vez na história, uma grande competição. “As coisas ganham-se com trabalho e estamos a trabalhar para isso”, garante o técnico que respira futsal por todos os poros.

Estava à espera de ocupar o lugar deixado por Orlando Duarte no comando técnico da selecção nacional?

A partir do momento que o Orlando Duarte deixou de ser seleccionador, a minha primeira opção era também não fazer parte da estrutura. No entanto, houve uma série de factores que se conjugaram e, a vontade de dar continuidade ao trabalho que tinha vindo a ser efectuado, fizeram com que assumisse o cargo.

Considera-se o homem certo no lugar certo?

Considero-me um apaixonado pelo futsal e que, quase todos os dias, trabalho 24 horas para a modalidade. Sou um felizardo por poder fazer aquilo que mais gosto.

“Apenas cumprimos a nossa obrigação”

Desempenha as funções de seleccionador há pouco mais de um ano. Que balanço faz?

Positivo. Porém, apenas cumprimos objectivos que eram da nossa obrigação. Temos de estar sempre nas fases finais das grandes provas. O que me deixou muito satisfeito foi termos conseguido o apuramento para o Campeonato da Europa com níveis de excelência.

Tem escolhido adversários de grande valor para realizar jogos particulares. Depois de bons resultados com Espanha e Rússia, é desta vez que Portugal vai vencer a Itália?

O nosso principal objectivo é prepararmo-nos com grande qualidade para o apuramento para o Mundial. E a melhor forma de testarmos as nossas competências é com grandes adversidades. Queremos sempre defrontar adversários de top, pois só assim poderemos evoluir.


Falhar a presença no Mundial seria um escândalo?

Somos favoritos, mas, para conseguirmos o apuramento, temos de ter mais competência do que as outras selecções. Estamos a preparar-nos com qualidade para o conseguir. Não podemos, de forma alguma, falhar as grandes competições.

“É normal que Benfica e Sporting estejam em maioria”

Tem mantido, praticamente, o mesmo núcleo nos convocados da selecção nacional. Poderá haver alguma surpresa nos eleitos para a fase de apuramento para o Mundial?

Na selecção tem-se pouco tempo de trabalho. Se queremos manter uma determinada identidade e especificidade, é necessário que o chip esteja lá [nos jogadores], embora adormecido durante algum tempo, mas quando chega à fase de o reactivar faz-se colectivamente. Quem ganha alguma coisa são equipas, não são jogadores. Isso faz com que tenhamos a necessidade de manter alguma estrutura nas convocatórias. Há jovens a aparecer, mas é preciso haver mais espaço para eles.

É difícil construir uma convocatória quando, em Portugal, só existem duas equipas profissionais?

Na selecção estão os melhores e os mais competentes. Quem compete no Benfica e Sporting, com micro-ciclos de treinos mais volumosos e que participa em grandes competições, deverá ter competências mais desenvolvidas. Temos tido a preocupação de acompanhar quase na totalidade o futsal, seja na 3.ª ou 2.ª Divisão, para ver onde há jovens valores, referenciando, também, os que revelam maiores níveis de competência. É normal que Benfica e Sporting estejam representados em maioria na selecção.

Côco, do Freixieiro, é um jogador que está fora das opções?

Foi chamado o ano passado, mas, infelizmente, teve uma lesão. Está outra vez com níveis de competência muito engraçados. Quem é português pode ser chamado.

É contra a naturalização de jogadores?

Nem a favor nem contra. Não poder ser uma preocupação da Federação andar a naturalizar jogadores. A partir do momento em que têm direitos como os outros e competência para fazer parte da selecção nacional podem ser chamados.

É a favor da naturalização do Marcão, do Benfica?

Temos de estar preocupados em estruturar e desenvolver o futsal de outra forma, sem andar a pensar em naturalizações. Felizmente, temos muitos guarda-redes portugueses com muitas competências. Estão cá dois [Benedito e André Sousa] e existem mais três ou quatro que poderiam estar aqui à vontade. É um posto específico que traz dores de cabeça no bom sentido.

Temos o melhor jogador de futsal do Mundo, o Ricardinho. Poderemos sonhar em ser campeões da Europa ou do Mundo?

Porque não? Individualmente nunca se ganha nada. O Ricardo já há duas ou três épocas que merecia essa distinção. Foi totalmente merecida. Temos de reunir uma série de competências para vencer algo. Temos andado muito perto. Para o conseguirmos é preciso apresentar-nos a um nível elevadíssimo. Há ainda um processo de preparação para lá chegarmos. As coisas ganham-se com trabalho e estamos a trabalhar para isso.

“Só potencial e talento não chegam”

Portugal tem uma das melhores selecções do Mundo. O futuro está assegurado? ~

Há uma série de jovens jogadores que começam a surgir com grande potencial. No entanto é necessário desenvolvê-los. É preciso dar passos importantes para aproveitar essas capacidades. Ter só esse potencial e talento nunca chegará para ganharmos algo. É preciso trabalho e organização. Estou convicto de que vamos continuar a andar nos primeiros lugares do ranking. ~

É urgente criar selecções mais jovens?

É importante dar competição aos jovens, mas também qualificar e quantificar os processos de treino. Os melhores jogadores juvenis e juniores treinam no máximo duas vezes por semana, muitas vezes em condições precárias. É preciso dar alguma série de passos e criar estruturas.

É defensor da criação de campeonatos nacionais de juvenis, juniores e feminino?

Defendo a requalificação e reorganização das taças nacionais nesta fase. Temos de dar passos sustentáveis. É complicado quando vemos equipas dos Nacionais, seniores e com mais apoios, a desistirem. Temos de ter algum cuidado. Mas é nesse sentido que temos de criar condições para que os melhores consigam competir mais vezes entre si. Existem algumas ideias e projectos para abrir a porta às competições mais exigentes.

                                                                                                                Noticia Futsal-Porto-Distrital.com

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